US$ 1 = R$5,39
São Paulo 33ºC / 19ºC

Nem todo aço 200 é igual: uma análise comparativa das ligas Cr-Mn

Os aços inoxidáveis da série 200, caracterizados pela substituição parcial do níquel por manganês e nitrogênio, surgiram como alternativas econômicas aos tradicionais aços Cr-Ni da série 300, especialmente diante das oscilações no preço do níquel. Entretanto, dentro dessa mesma série existem diferenças significativas entre ligas normatizadas, como o AISI 201, 202, 204 e 205, e ligas não normatizadas, que muitas vezes são comercializadas de forma indevida como se fossem equivalentes.

As ligas normatizadas da série 200 apresentam composição química controlada e propriedades mecânicas e de resistência à corrosão documentadas por normas internacionais (ASTM, EN, ISO). Por outro lado, ligas não normatizadas podem conter teores reduzidos de cromo e níquel, comprometendo a estabilidade da camada passiva e aumentando o risco de corrosão — especialmente em ambientes alimentares e úmidos.

Um exemplo de avanço dentro dessa família é o aço EN 1.4376 (também conhecido como QN1803), um aço austenítico com baixo teor de níquel e enriquecido com nitrogênio. Essa liga mantém resistência mecânica e boa resistência à corrosão, sendo aplicada em indústrias automotiva e de construção como uma alternativa mais sustentável ao AISI 304, com menor custo e menor dependência do níquel.

A tabela a seguir apresenta uma comparação resumida entre as principais ligas Cr-Mn da série 200 e algumas alternativas modernas.

AçoC (%)Mn (%)Ni (%)N (%)Cr (%)
AISI 2010,15 máx5,5–7,53,5–5,50,25 máx16–18
AISI 2020,15 máx7,5–104–60,25 máx17–19
AISI 2040,12 máx6,5–91,5–3,50,25 máx15,5–17,5
AISI 2050,12 máx8–101–1,750,32 máx16,5–18
EN 1.4376 / QN18030,10 máx8–101–20,30–0,4017–18
Cr-Mn não normatizado0,10–0,206–9≤1≤0,1013–15

Aços Cr-Mn não normatizados (“sem norma”)

Essas ligas são vendidas frequentemente como “AISI 201” ou “aço 200”, mas não possuem referência em normas internacionais (ASTM, EN, JIS).

Apresentam baixo teor de cromo (≈13–15%), níquel residual (<1%) e alto manganês (>10%), além de enxofre e fósforo, o que reduz drasticamente a resistência à corrosão e aumenta a liberação de íons metálicos — especialmente ferro e manganês — quando em contato com meios ácidos.

A análise mostra que o controle de elementos como cromo e nitrogênio é essencial para a resistência à corrosão. Ligas não normatizadas, frequentemente com menores teores de Cr e Ni, tendem a apresentar desempenho inferior e não devem ser aplicadas em ambientes alimentares ou sujeitos à higienização constante.

Carregando...