
Por Tarcísio Reis de Oliveira,
gerente executivo do Centro de Pesquisa da Aperam South America
Inovar deixou de ser uma escolha. E só há dois caminhos possíveis: o da sobrevivência, em que a empresa sempre corre atrás, adaptando-se a cada nova regra que é imposta – muitas vezes, às duras penas. Ou caminho do protagonismo, quando se assume a difícil, porém recompensadora missão de liderar, ditar tendências e rumos do mercado. A escolha cabe a cada um: seguir o jogo, e estar sempre em desvantagem, ou propor as regras do jogo, abrir caminhos e “beber água fresca”.
Foi essa segunda rota que a Aperam decidiu trilhar há 30 anos, ao criar o seu próprio Centro de Pesquisa integrado ao ambiente industrial. Em um setor tão competitivo quanto a siderurgia, não basta reagir às mudanças – é preciso antecipá-las. Só permanece à frente quem consegue inovar com agilidade e em sintonia com as necessidades reais da indústria e da sociedade.
O Centro de Pesquisa, com mais de 50 profissionais, está cravado dentro da planta de Timóteo, no Vale do Aço mineiro, e desde sua criação se consolidou como ponto de convergência entre conhecimento científico e aplicação prática, aproximando a inovação do dia a dia da produção.
Em vez de longos intervalos entre testes e desgastantes idas e vindas, trabalhamos em ciclos ágeis: a amostra sai do chão de fábrica, segue para o laboratório e retorna rapidamente com ajustes e validações. Essa dinâmica reduz custos, evita desperdícios e assegura maior confiabilidade aos resultados.
E, ao longo destas três décadas, foi capaz de transformar setores inteiros. E eu tive o privilégio de acompanhar de perto cada uma dessas mudanças. Foi em Timóteo que nasceram, ainda nos anos 1990, os aços inoxidáveis para escapamentos automotivos, essenciais para aumentar a eficiência energética e reduzir emissões.

Outro avanço marcante foi o desenvolvimento dos aços duplex, aplicados em tubos flexíveis para exploração em águas profundas. Em plena crise de 2009, conseguimos entregar uma solução em tempo recorde, decisiva para viabilizar o pré-sal e consolidar o Brasil como exportador de petróleo.
Mais recentemente, desenvolvemos o Endur 300, um inox de alta resistência que substitui o aço carbono em aplicações de grande desgaste e corrosão moderada, como nas caçambas basculantes usadas no transporte de grãos e minérios. Sua durabilidade reduz as paradas de manutenção e amplia a vida útil dos equipamentos.
Ressalta-se ainda o desenvolvimento dos aços elétricos de grão orientado, utilizados em transformadores. O desenvolvimento foi iniciado no Centro de Pesquisa para posterior implantação industrial em 2016 com os primeiros produtos, que vêm sendo melhorados continuamente. É importante mencionar que a Aperam é das poucas produtoras mundiais deste aço, sendo a única produtora no hemisfério sul.
Também avançamos na linha dos aços elétricos de grão não orientado para motores de veículos híbridos e elétricos. Eles já estão prontos para atender a uma demanda ainda incipiente no Brasil, entregando maior eficiência energética e menor emissão de CO₂.
Nenhuma dessas conquistas teria sido possível sem a rede de parcerias que cultivamos ao longo do tempo. A colaboração histórica com universidades e centros de pesquisa, no Brasil e no exterior, amplia nossa capacidade de inovar, renova a indústria, forma novos talentos e transforma ciência em soluções aplicáveis.
Essas conquistas também não teriam sido possíveis sem o nosso bem mais valioso: as nossas pessoas, que todos os dias se dedicam com comprometimento e afinco ao desenvolvimento de soluções inovadoras e inteligentes para os nossos clientes.
Essas três décadas de trajetória nos oferecem, sim, motivos de sobra para celebrar e relembrar marcos da siderurgia brasileira. Mas, como destaquei no início, é a visão de futuro que continua a nos mover. Cada inovação que nasce em nosso Centro de Pesquisa traz consigo o compromisso de desenvolver aços cada vez mais eficientes, resistentes e sustentáveis. Esse é o verdadeiro legado que queremos continuar construindo e perseguindo.
Confira o episódio de a Jornada do Inox que mostra com exclusividade o Centro de Pesquisas da Aperam, comandado por Tarcísio Reis: