Os aços inoxidáveis da série 200, caracterizados pela substituição parcial do níquel por manganês e nitrogênio, surgiram como alternativas econômicas aos tradicionais aços Cr-Ni da série 300, especialmente diante das oscilações no preço do níquel. Entretanto, dentro dessa mesma série existem diferenças significativas entre ligas normatizadas, como o AISI 201, 202, 204 e 205, e ligas não normatizadas, que muitas vezes são comercializadas de forma indevida como se fossem equivalentes.
As ligas normatizadas da série 200 apresentam composição química controlada e propriedades mecânicas e de resistência à corrosão documentadas por normas internacionais (ASTM, EN, ISO). Por outro lado, ligas não normatizadas podem conter teores reduzidos de cromo e níquel, comprometendo a estabilidade da camada passiva e aumentando o risco de corrosão — especialmente em ambientes alimentares e úmidos.
Um exemplo de avanço dentro dessa família é o aço EN 1.4376 (também conhecido como QN1803), um aço austenítico com baixo teor de níquel e enriquecido com nitrogênio. Essa liga mantém resistência mecânica e boa resistência à corrosão, sendo aplicada em indústrias automotiva e de construção como uma alternativa mais sustentável ao AISI 304, com menor custo e menor dependência do níquel.
A tabela a seguir apresenta uma comparação resumida entre as principais ligas Cr-Mn da série 200 e algumas alternativas modernas.
| Aço | C (%) | Mn (%) | Ni (%) | N (%) | Cr (%) |
| AISI 201 | 0,15 máx | 5,5–7,5 | 3,5–5,5 | 0,25 máx | 16–18 |
| AISI 202 | 0,15 máx | 7,5–10 | 4–6 | 0,25 máx | 17–19 |
| AISI 204 | 0,12 máx | 6,5–9 | 1,5–3,5 | 0,25 máx | 15,5–17,5 |
| AISI 205 | 0,12 máx | 8–10 | 1–1,75 | 0,32 máx | 16,5–18 |
| EN 1.4376 / QN1803 | 0,10 máx | 8–10 | 1–2 | 0,30–0,40 | 17–18 |
| Cr-Mn não normatizado | 0,10–0,20 | 6–9 | ≤1 | ≤0,10 | 13–15 |
Aços Cr-Mn não normatizados (“sem norma”)
Essas ligas são vendidas frequentemente como “AISI 201” ou “aço 200”, mas não possuem referência em normas internacionais (ASTM, EN, JIS).
Apresentam baixo teor de cromo (≈13–15%), níquel residual (<1%) e alto manganês (>10%), além de enxofre e fósforo, o que reduz drasticamente a resistência à corrosão e aumenta a liberação de íons metálicos — especialmente ferro e manganês — quando em contato com meios ácidos.
A análise mostra que o controle de elementos como cromo e nitrogênio é essencial para a resistência à corrosão. Ligas não normatizadas, frequentemente com menores teores de Cr e Ni, tendem a apresentar desempenho inferior e não devem ser aplicadas em ambientes alimentares ou sujeitos à higienização constante.