O verdadeiro rosto do inox: escovado ou polido?

Se o aço inoxidável tivesse uma identidade visual única, qual acabamento melhor o representaria? O brilho espelhado do polido ou as linhas sutis do escovado? Essa pergunta foi apresentada a um seleto grupo do Whatsapp formado por profissionais, empresários, pesquisadores, professores e entusiastas do inox.

A resposta pode variar conforme a aplicação, mas dentro da comunidade do inox há uma tendência clara: o escovado é frequentemente visto como a assinatura estética do material.

Vamos entender o porquê disso?

Polido ou escovado? Depende do contexto

O acabamento polido tem um apelo inegável. Chegar em um ambiente e ver aquele belo objeto espelhado é realmente incrível. Seu brilho intenso transmite sofisticação e desempenha um papel técnico essencial em setores como hospitalar, laboratorial e farmacêutico.

O inox polido é a escolha ideal por sua superfície lisa, que minimiza o acúmulo de microrganismos e facilita a higienização. Lavatórios cirúrgicos, bancadas de laboratórios e equipamentos de processamento de alimentos frequentemente adotam esse acabamento para garantir padrões rigorosos de assepsia.

Já o escovado, com suas micro-ranhuras lineares, tem uma estética mais discreta e industrial. Sua popularidade é evidente em cozinhas profissionais, mobiliário urbano, fachadas arquitetônicas e ambientes industriais. E, confesso ser a desse jornalista também.

Um tanto dessa preferência está na praticidade: o inox escovado oferece menor reflexo, disfarça marcas de uso e exige menos manutenção visual em comparação ao polido, o que o torna uma escolha prática para aplicações expostas ao manuseio intenso.

Em conversa com uma empresa especializada no atendimento ao setor hospitalar, a explicação é simples: o inox polido transmite uma sensação maior de assepsia, embora, do ponto de vista técnico, a diferença em relação ao escovado seja mínima. As ranhuras do acabamento escovado — medidas em microns — são tão diminutas que até mesmo bactérias teriam dificuldade de se alojar. No fim das contas, o que realmente garante a segurança microbiológica não é o tipo de acabamento, mas sim a boa e velha higienização.

A percepção dentro da comunidade do inox

Dentro do setor, a escolha entre os acabamentos não se resume a gosto pessoal, mas sim à necessidade de cada projeto. Alguns especialistas enxergam o escovado como o “rosto do inox” por ser amplamente utilizado em aplicações industriais e estruturais. Outros defendem que o polido é a expressão máxima do material, pois combina resistência e assepsia.

“Se você perguntar a um fabricante de equipamentos industriais, ele pode te dizer que o escovado é o verdadeiro inox, porque aparece em cozinhas industriais, hospitais e na indústria pesada”, comenta um empresário do setor. “Mas se for conversar com um projetista de laboratórios, ele vai argumentar que o polido é indispensável para garantir um ambiente livre de contaminação.”

Conclusão: não há um único rosto para o inox, mas o escovado se destaca

Embora o escovado tenha conquistado uma reputação de acabamento “padrão” para muitas aplicações, o polido mantém sua importância inegável em setores que exigem máxima assepsia ou, ainda, quando se deseja chamar a atenção.

No entanto, no final das contas, o verdadeiro rosto do inox depende de onde e como ele será aplicado. Enquanto o escovado transmite robustez e discrição, o polido simboliza pureza e forte apelo visual. Em um material tão versátil, a identidade não está no acabamento, mas na funcionalidade.

Portanto, fica a dica desta coluna: siga o gosto, mas considere onde e para que o inox será utilizado. Aliás, qualquer decisão baseada no inox deve seguir essa simples regrinha.