Quando o assunto é aço inox, muita gente acredita que ele é totalmente imune à ferrugem. Essa fama de “material eterno” veio por boas razões: o inox é, de fato, muito mais resistente à corrosão do que o aço comum. Mas será que isso significa que o inox nunca enferruja? E, mais especificamente, será que o inox enferruja com água?
A resposta pode surpreender: sim, o inox pode enferrujar com água, dependendo de vários fatores, como o tipo de liga, o tempo de exposição, a temperatura da água, a presença de sais e até a forma de manutenção.
Mas calma… vamos explicar.
O aço inoxidável recebe esse nome porque contém cromo em sua composição. Esse elemento químico tem a capacidade de formar, em contato com o oxigênio, uma camada passiva de óxido de cromo (Cr₂O₃) que protege o metal contra agentes corrosivos, inclusive a própria água.
Essa camada é ultrafina, invisível a olho nu, e se regenera automaticamente quando levemente danificada – desde que o ambiente permita.
No entanto, essa camada não é indestrutível, e a água, dependendo de sua composição e tempo de exposição, pode interferir diretamente nessa proteção.
Não. A água pura, como a água deionizada ou destilada, em condições normais, não é capaz de corroer o inox. Pelo contrário: em indústrias farmacêuticas e laboratórios, o inox é amplamente utilizado com água purificada, justamente por sua estabilidade química e resistência.
Porém, na prática, é raro lidarmos com água 100% pura no cotidiano. A maior parte da água usada em casas, comércios e indústrias contém sais, cloretos, ácidos, minerais e até resíduos orgânicos. E é aí que começa o problema.
Assim como acontece com a maresia, os íons cloreto (Cl⁻) presentes na água de torneira, água do mar, ou água industrial, são altamente agressivos à camada passiva do inox. Eles podem se infiltrar em microfissuras e iniciar a corrosão localizada, como o pitting.
Deixar água acumulada sobre superfícies de inox, especialmente sem ventilação ou luz, cria ambientes propícios à corrosão. Essa água pode reter sais e impurezas, que com o tempo atacam a proteção natural do material.
Em sistemas com água quente, como caldeiras e equipamentos de cocção, o inox fica mais suscetível à corrosão por causa do aumento na reatividade química. Quanto mais quente a água, maior o risco de ataque químico — principalmente se houver cloretos envolvidos.
Para garantir a durabilidade do aço inox em ambientes com umidade constante ou contato direto com água, é importante seguir algumas boas práticas:
É o tipo mais utilizado no Brasil. Oferece boa resistência à água potável e ambientes úmidos. No entanto, não é ideal para água com alto teor de cloretos, como água do mar ou soluções salinas.
Esse é o inox mais indicado para ambientes com presença de água agressiva. Contém molibdênio, um elemento que reforça a proteção contra corrosão por cloretos. É amplamente usado em equipamentos náuticos, cozinhas industriais, hospitais e indústrias químicas.
Versão com baixo teor de carbono (indicação do L no termo), ideal para soldagens e ambientes altamente agressivos. É muito usado em equipamentos que operam com água quente ou sob pressão.
O inox 444 é uma opção intermediária que pertence à família ferrítica, mas com alto teor de cromo (17-20%) e adição de níquel e molibdênio, o que o torna mais resistente que o 430 e mais barato que o 316. Está presente, por exemplo, na fachada do Alianz Parque, isso já diz muito.