O uso de aços inoxidáveis na engenharia civil ainda é pouco explorado no Brasil, concentrando-se principalmente em fachadas e elementos de proteção arquitetônica. O reflexo disso se vê no consumo per capita de inox no Brasil, que é de cerca de 2,5 kg por habitante, enquanto em alguns países asiáticos ultrapassa 15 kg.
Pensando em mudar esse cenário, um grupo formado por representantes da indústria, do meio acadêmico e de entidades setoriais está desenvolvendo a primeira norma brasileira de dimensionamento de estruturas em aço inoxidável.
À frente do projeto está o professor Luciano Lima, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que lidera o grupo de estudos, e concedeu uma entrevista exclusiva ao Papo de Inox. Segundo ele, a norma tem como objetivo dar respaldo técnico e científico aos engenheiros estruturais e estimular o uso do inox na construção civil.
“A principal motivação para a elaboração da norma é dar respaldo aos engenheiros estruturais que desejam projetar estruturas com aço inoxidável”, explica o professor.
Com a criação da norma, espera-se que o material passe a integrar projetos estruturais, aumentando a demanda junto aos fabricantes de estruturas metálicas e impulsionando todo o setor produtivo.
O grupo de estudos, criado inicialmente pela APERAM, reúne empresas referência no mercado do inox, como Acotubo, Stara, Ricefer, Metalinox, Projinox, Tuboluc, Inoxpar e InoxPlasma, além da ABINOX e da UERJ. Uma das discussões centrais é sobre a referência normativa a ser adotada.
“Apesar de a maioria ter preferência pela norma europeia, ainda estamos avaliando as principais diferenças de dimensionamento, considerando que a norma para estruturas em aço carbono é baseada na americana”, acrescenta Luciano Lima.
Além do respaldo técnico, o aumento do uso do inox pode gerar eficiência na produção, redução de desperdícios e, com a maior demanda, queda de custos, fortalecendo toda a cadeia produtiva. A expectativa é que a norma brasileira esteja disponível até o fim de 2028, consolidando o uso de aço inoxidável em estruturas e estimulando inovação no setor.
