Os aços inoxidáveis da série 200 — baseados em cromo e manganês (Cr-Mn) — surgiram não por escolha técnica, mas por necessidade. Sua origem remonta à década de 1930, nos Estados Unidos, quando pesquisadores buscavam reduzir a dependência do níquel, substituindo-o parcialmente por manganês e estabilizando a fase austenítica com a adição de nitrogênio.
Durante a Guerra da Coreia, nos anos 1950, o níquel foi fortemente direcionado para fins militares, o que impulsionou a produção das ligas AISI 201 e 202, primeiras representantes normatizadas da série 200. Elas ofereciam propriedades mecânicas semelhantes às ligas da série 300 (como o AISI 304), mas com custo inferior.
Com a estabilização do mercado do níquel nas décadas seguintes, os aços da série 200 perderam espaço. Porém, nos anos 1990, a Índia reintroduziu essas ligas no mercado global, motivada por restrições à importação de níquel. Fabricantes locais, como a Jindal, passaram a desenvolver versões com menos de 1% de níquel, voltadas para usos não críticos.
A partir dos anos 2000, com a expansão da produção de aço na China, as ligas Cr-Mn de baixo custo ganharam ainda mais força. No entanto, muitas dessas ligas foram comercializadas como equivalentes ao AISI 304, mesmo sem seguir normas técnicas reconhecidas, o que trouxe sérios riscos quanto à resistência à corrosão e rastreabilidade.
Hoje, o desafio não é apenas técnico, mas informacional. A indústria precisa saber que nem todo aço “200” é normatizado ou seguro para ambientes agressivos. A compreensão da história dessas ligas ajuda a evitar erros de aplicação e a reforçar a importância da escolha consciente de materiais — especialmente em setores como o alimentício, onde a segurança é inegociável.