No universo do aço inoxidável, três siglas aparecem com frequência em catálogos, projetos e fichas técnicas: AISI, DIN e ASTM. Mas afinal, o que significa cada uma delas?
Cada uma delas representa um sistema de normas e classificações que orientam a produção, a composição e o desempenho dos metais. Em outras palavras, são as referências que garantem padrão, segurança e desempenho no uso do aço inox em diferentes aplicações industriais.
Entender suas diferenças é fundamental para quem lida com engenharia, fabricação e especificação de produtos em aço inox, sobretudo para não cair no famoso “gato por lebre”, adquirindo materiais fora de norma ou com ligas que apenas se dizem inox, mas que não possuem a composição ou o desempenho exigidos por padrões reconhecidos internacionalmente.

A AISI (American Iron and Steel Institute) é o Instituto Americano do Ferro e do Aço, criado em 1908. Embora atue em todo o setor siderúrgico, a AISI ficou mundialmente conhecida por desenvolver a classificação dos aços inoxidáveis, sistema que identifica o tipo e a composição das ligas.
Essa classificação utiliza códigos numéricos (AISI 304, 316 ou 430) para indicar a estrutura cristalina e os elementos químicos do aço:
Na prática, a sigla AISI em um produto indica qual tipo de aço inox está sendo utilizado, orientando a escolha conforme o ambiente e o tipo de aplicação.
Já a DIN (Deutsches Institut für Normung), ou Instituto Alemão de Normalização, é o órgão responsável pelas normas técnicas utilizadas em toda a Europa. O sistema DIN adota uma nomenclatura numérica e padronizada, garantindo rastreabilidade e precisão dimensional.
No caso do inox, cada tipo AISI possui um equivalente DIN:
| AISI | DIN | Descrição |
| 304 | 1.4301 | Inox austenítico padrão, excelente resistência e soldabilidade |
| 316L | 1.4404 | Inox com molibdênio, baixo carbono e alta resistência química |
| 430 | 1.4016 | Inox ferrítico, econômico e com boa resistência em uso interno |
As normas DIN são amplamente utilizadas na indústria hospitalar, farmacêutica e laboratorial, onde a precisão e a conformidade técnica são determinantes para garantir a segurança e a higiene dos ambientes.
A ASTM (American Society for Testing and Materials) é uma das maiores organizações internacionais de padronização de materiais. Suas normas vão além da classificação e tratam de ensaios, propriedades mecânicas, métodos de fabricação e controle de qualidade.
Para o aço inoxidável, a ASTM estabelece normas específicas de produto. Por exemplo:
Esses padrões garantem que o material atenda critérios de espessura, resistência à tração, acabamento superficial e composição química, assegurando que o inox entregue desempenho confiável e uniforme.
Na prática, AISI, DIN e ASTM não competem entre si, elas se complementam. A AISI define o tipo da liga, a DIN padroniza as dimensões e equivalências europeias, e a ASTM especifica propriedades e métodos de ensaio.
Por exemplo, uma bancada inox hospitalar AISI 304 pode ser fabricada conforme a ASTM A240 e ter equivalência DIN 1.4301. Assim, engenheiros, arquitetos e fabricantes podem falar “a mesma língua” em diferentes países, assegurando qualidade e compatibilidade internacional.
No Brasil, a entidade responsável pela normalização técnica é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Fundada em 1940, a ABNT atua como o órgão que define, traduz e harmoniza as normas internacionais às condições e legislações do país.
Na prática, a ABNT não substitui as normas como AISI, DIN ou ASTM, mas trabalha em conjunto com elas. Muitas normas brasileiras de aço inoxidável são baseadas ou equivalentes às normas estrangeiras, garantindo que os materiais fabricados ou comercializados no Brasil sigam padrões reconhecidos mundialmente.
Por exemplo, a NBR 5601 faz referência às especificações da ASTM A240, que trata de chapas e bobinas de aço inox.
Acima das normas nacionais e regionais, existe a ISO (International Organization for Standardization), que em tradução literal é Organização Internacional de Normalização. Fundada em 1947 e sediada em Genebra, a ISO é responsável por desenvolver padrões técnicos universais aplicáveis a praticamente todos os setores industriais, inclusive o do aço inoxidável.
As normas ISO servem como uma base comum sobre a qual outras entidades como ASTM (nos Estados Unidos), DIN (na Alemanha) e ABNT (no Brasil) elaboram suas versões adaptadas. Assim, quando um fabricante segue uma norma ABNT, por exemplo, ele geralmente está atendendo a requisitos alinhados com uma referência ISO equivalente, garantindo compatibilidade e reconhecimento internacional.
Seguir essas normas é essencial para garantir segurança e confiabilidade no uso do inox para os projetos.
No mercado brasileiro tem sido comum encontrar materiais que se apresentam como “aço inoxidável”, mas que não seguem nenhuma das normas reconhecidas. Esse tipo de prática, infelizmente, é o que chamamos de “gato por lebre”: produtos visualmente semelhantes ao inox, porém fabricados com ligas de menor qualidade, composição química fora de especificação ou sem tratamento adequado contra corrosão.
A Aperam, produtora de aços inoxidáveis no Brasil, disponibiliza uma tabela de correspondência entre os tipos de aço comercializados no país e suas respectivas equivalências internacionais. Clique aqui para acessar.