A recente proposta da União Europeia de reduzir pela metade as cotas de importação de aço e elevar as tarifas para 50% provocou forte reação no setor siderúrgico mundial. No Brasil, o Instituto Aço Brasil classificou a medida como mais um capítulo da escalada global de proteção contra o aço estrangeiro vendido em condições desleais – um movimento que pode ter efeitos diretos sobre o mercado interno brasileiro.
Segundo o Instituto, a decisão europeia intensifica o risco de desvios de comércio, ampliando o desequilíbrio de um mercado internacional já marcado pela sobreoferta de aço. Com os Estados Unidos e o Canadá também adotando medidas semelhantes, cresce a preocupação de que parte desse excedente global acabe direcionado para países com defesas comerciais mais frágeis, como o Brasil.
O cenário, avalia a entidade, aumenta a vulnerabilidade da indústria nacional, que já enfrenta uma forte concorrência do aço importado a preços abaixo do custo. Atualmente, as importações representam cerca de um terço do mercado brasileiro, e o volume de aço laminado importado cresceu 30% entre janeiro e agosto de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Mesmo com a renovação do mecanismo cota-tarifa e o reforço de defesas comerciais em 14 NCMs (de um total de 273), o produto estrangeiro continua chegando em grande volume ao país. Entre os fatores que favorecem esse movimento estão acordos comerciais, regimes especiais, incentivos estaduais e até fraudes na classificação de produtos.
O Instituto Aço Brasil reconhece os esforços do governo federal para conter as importações predatórias, mas alerta que o país precisa agir com maior urgência. Caso contrário, o Brasil pode se tornar o principal destino do aço vendido abaixo do preço de custo, diante das barreiras impostas pelos grandes mercados internacionais.
Com o endurecimento das políticas comerciais no exterior, o setor brasileiro de aço se vê diante de um desafio estratégico: reforçar seus mecanismos de defesa e garantir condições de competitividade para as empresas nacionais, que são essenciais à infraestrutura, à indústria e à segurança do país.