À medida que o mundo se prepara para a COP30, em Belém, a discussão sobre as soluções ambientais ganha uma nova intensidade. Enquanto líderes globais e especialistas discutem metas ambiciosas para mitigar as mudanças climáticas, o aço inoxidável é um material muitas vezes subestimado nesse tema.
O inox por suas características já bem conhecidas é um ganho substancial em pautas voltadas para o meio ambiente – ou deveria ser: menos resíduos, menor uso de recursos naturais e, consequentemente, uma pegada ecológica mais baixa. Em um evento como a COP30, onde as soluções para a preservação do meio ambiente são o foco, o inox pode se destacar.
Exemplos de trabalho além do material em si existem, como é o caso da substituição do coque por carvão vegetal, promovido pela Aperam, nas suas produções da usina aqui no Brasil. O carvão mineral tradicionalmente é uma das maiores fontes de emissão de gases de efeito estufa na produção de aço. Essa iniciativa levou a Aperam a se tornar uma empresa com produção de carbono zero.
Agora, claro que o próprio inox pode ajudar a discussão com temas relevantes sobre o meio ambiente.
No contexto da COP30, onde a busca por soluções circulares é cada vez mais urgente, o inox é um excelente exemplo de economia circular. E a reciclagem do inox é um dos seus maiores trunfos.
Por ser 100% reaproveitado, sua reciclagem não resulta em perda de qualidade. Diferente de materiais como o plástico, que muitas vezes se degradam ou perdem propriedades ao serem reciclados, o inox pode ser reutilizado infinitamente sem comprometer suas características. Basta visitar os pátios de sucata da Aperam e ver as pilhas e mais pilhas de inox reciclado para ver o quanto isso é real.
Vale pontuar que isso reduz a demanda por recursos naturais, como minério de ferro e cromo. Este ciclo de vida contínuo coloca o inox como um material capaz de contribuir significativamente para o reduzido uso de matéria-prima virgem, um dos pilares de qualquer estratégia sustentável no cenário global.
Outro ponto relevante é o uso crescente de inox em projetos urbanos e arquitetônicos. Cidades mais sustentáveis são sinônimo de infraestruturas inteligentes, e o inox se encaixa perfeitamente nesse conceito. Sua resistência à corrosão, baixa manutenção e longa durabilidade fazem dele uma escolha ideal para construções públicas e privadas, desde o design de fachadas até estruturas de transporte e saneamento.
Para ilustrar essa perspectiva, podemos destacar a sugestão do professor Léo, que propõe um incentivo ao poder público para exigir o uso do inox em suas obras. Reconhecido por sua vasta contribuição ao longo dos anos, o professor esteve à frente do curso de Engenharia da Universidade Mackenzie, onde foi pioneiro ao abrir espaço para discussões e projetos sobre o uso do inox.
Segundo ele, a única maneira de aumentar o consumo per capita de inox no Brasil é viabilizar esse aumento por meio de políticas públicas. Ele defende que o poder público pode ser um vetor crucial para mostrar, na prática, os benefícios do inox – como sua durabilidade superior e a redução de custos com manutenção – em comparação a materiais menos resistentes, que exigem maior tempo de reposição e cuidados constantes.
Especialistas em corrosão partilham da mesma visão, mesmo que de uma maneira mais ampla da discussão. É o caso da doutora Zehbour Panossian, pesquisadora do Laboratório de Corrosão e Proteção do IPT, que cita exemplos como o píer Progresso no México.
Em 1941, o píer foi construído com aço inox, sendo um píer adjacente, em 1969, feito de aço carbono. A diferença é evidente, para não dizer gritante. Enquanto a estrutura de aço carbono desmoronou após 21 anos de uso, o píer de inox permaneceu intacto, demonstrando a clara resistência e longevidade do material.
Esses exemplos foram compartilhados em entrevistas para o podcast Papo de Inox. Ambas podem ser consultadas no final deste texto.
Fato é que o aço inoxidável, portanto, oferece um balanço favorável entre a produção e o uso de recursos ao longo do tempo. A comparação com outros materiais, como o concreto ou o plástico, revela que, embora o inox exija mais energia para ser produzido inicialmente, seu longo período de vida útil e a capacidade de ser reciclado infinitamente fazem dele uma escolha vantajosa, quando olhamos para o impacto global a longo prazo.
Assim, talvez seja hora de olhar para o inox e perceber que, em meio a tantos desafios, ele pode ser um dos heróis não reconhecidos da sustentabilidade.