Elwood Haynes: o criador norte-americano do inox

Nos Estados Unidos do final do século XIX, enquanto a indústria fervia com inovações e motores a combustão ainda engatinhavam, um nome se destacou como visionário: Elwood Haynes. Nascido em 14 de outubro de 1857, em Portland, Indiana, Haynes foi engenheiro, químico, inventor e empresário – e teve papel fundamental na evolução de duas frentes tecnológicas que moldariam o mundo moderno: os automóveis e os aços inoxidáveis martensíticos.

Se hoje dirigimos carros resistentes e usamos materiais que não oxidam, é justo reconhecer que Elwood Haynes teve um papel crucial em pavimentar esse caminho.

Da sala de aula aos motores

Haynes estudou ciências naturais no Earlham College e depois engenharia mecânica na Universidade Johns Hopkins. Desde cedo, interessou-se por combustão, motores e ligas metálicas. Ainda jovem, atuava como superintendente de gás em uma empresa da região e, em paralelo, alimentava sua obsessão por criar um carro movido por motor –  algo inédito para sua época nos Estados Unidos.

Em 1894, ele construiu seu primeiro automóvel a gasolina, chamado de “Pioneer”, que rodou pelas ruas de Kokomo, Indiana, no ano seguinte. Esse veículo é reconhecido como um dos primeiros automóveis movidos a gasolina nos EUA. Haynes não apenas projetava os motores, mas também se preocupava com os materiais que os compunham – o que o levaria, eventualmente, ao mundo dos metais resistentes à corrosão e o nosso grande universo: o inox.

Um visionário dos materiais

Enquanto seus carros conquistavam os olhares da sociedade industrial americana, Haynes percebeu um problema recorrente: a ferrugem. Motores e tubulações eram prejudicados pela corrosão constante, o que demandava manutenção e diminuía a durabilidade dos produtos. Essa inquietação o levou a experimentar ligas metálicas mais resistentes.

Em 1912, Elwood Haynes começou a testar combinações de ferro, cromo e outros elementos para criar um aço que resistisse à ação do tempo e dos agentes químicos. Foi nessa época que ele desenvolveu o que mais tarde seria identificado como um dos primeiros aços inoxidáveis martensíticos.

Simultaneamente, na Inglaterra, Harry Brearley também conduzia pesquisas com cromo, buscando resistência ao calor para canos de armas. Embora ambos trabalhassem de forma independente, suas descobertas se complementaram e formaram a base do que conhecemos hoje como aço inox.

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Patentes e disputas

Elwood Haynes patenteou sua liga resistente à corrosão em 1919, três anos após Brearley já ter apresentado sua versão na Europa. Isso gerou uma disputa internacional de reconhecimento, especialmente sobre quem teria, de fato, criado o primeiro inox. A realidade é que, embora Brearley tenha descoberto o aço inoxidável austenítico, Haynes contribuiu com a versão martensítica.

Ele fundou a Haynes Stellite Company, onde produziu ligas especiais como a Stellite, um material à base de cobalto, cromo e tungstênio, altamente resistente ao calor e ao desgaste. Também criação de Haynes.

Enquanto o inox é amplamente utilizado por seu custo-benefício e durabilidade em ambientes úmidos e oxidantes, o Stellite é reservado para aplicações críticas, como válvulas de motores, instrumentos cirúrgicos de alto desempenho e peças em turbinas,

Um legado além do inox

Faleceu em 1925, deixando como legado mais de 75 patentes e uma visão que unia indústria, química e engenharia de forma harmoniosa.

O Haynes International, grupo originado de sua empresa, ainda hoje atua na produção de ligas metálicas de alto desempenho, usadas em aeronaves, reatores e refinarias.