O recente agravamento do confronto entre Israel e Irã tem gerado efeitos em cascata sobre os mercados globais. O impacto mais imediato é sentido no preço do petróleo: o barril Brent já subiu cerca de 7 % na última semana, alcançando aproximadamente US $ 75, enquanto o petróleo dos EUA recuou próximo a US $ 73,85. Em cenários ainda mais tensos, há projeções de o Brent atingir até US $ 120 por barril ainda em 2025.
O petróleo é o pilar energético de inúmeras cadeias produtivas, e seu encarecimento acarreta efeito dominó em várias etapas: a elevação dos custos de frete (agonizado pela maior precaução em rotas como Estreito de Ormuz e Mar Vermelho), aumento nos gastos com seguros marítimos e despesas com energia para fábricas e fundições.
O inox, por sua vez, embora dependa diretamente de metais como níquel e cromo, sofre indiretamente com essa dinâmica. Produções mais intensivas em energia, como a fundição e o processamento de chapas e bobinas, veem seus custos operacionais subirem, refletindo no preço final ao consumidor.
Além disso, há risco de interrupções no fornecimento de produtos semimanufaturados oriundos do Irã, o que pode pressionar ainda mais a oferta global. A logística de transporte de matérias-primas e produtos acabados pode se ver distorcida tanto por atrasos quanto por gargalos alternativos.
Em outras palavras, no Brasil, a cadeia do aço inox pode sentir reflexos como o encarecimento dos custos logísticos e operacionais, refletidos em artefatos como utensílios domésticos, peças automotivas, equipamentos médicos e infraestrutura. Hospitais, indústria naval e automotiva pode repassar reajustes ao consumidor, pressionando a inflação geral.
Somado a isso, o fortalecimento do dólar – impulsionado pela fuga a ativos considerados seguros – tende a agravar o impacto sobre produtos cotados na moeda americana, o que é típico no comércio de commodities metálicas. Para contrabalançar, bancos centrais, como o brasileiro, podem adotar medidas monetárias para controlar o avanço inflacionário, impactando o crédito e o ritmo de crescimento econômico.